segunda-feira, maio 31, 2010

deu la deu


Hoje fui assistir, na FNAC, a um pequeno, mas bom, concerto dos Deu La Deu.
Deixo aqui algumas fotos.



segunda-feira, maio 24, 2010

adolescência hoje/ontem

Há umas semanas atrás, fui convidado para acompanhar jovens adolescentes numa viagem de seis dias. Enquanto permanecemos por lá, dei comigo a fazer uma das coisas que está inata em mim, observar comportamentos sociais. Comecei a fazer comparações entre o que é a adolescência hoje e o que foi no meu tempo de adolescente. Desta observação empírica, concluí que os adolescentes de hoje não possuem tanta bagagem cultural como os do meu tempo de adolescente, mas são mais evoluídos nas relações sociais, não criando inibições na demonstração dos seus sentimentos relativamente a si próprios e aos outros.

Este facto ou esta minha conclusão empírica, deixou-me confuso, pois se vivemos numa época em que se acusam os adolescentes de falta de sociabilização, em detrimento do contacto virtual proporcionado pelas redes sociais da Web, como é possível a justificação para tal conclusão?

Hoje, enquanto viajava de comboio e lia um livro, deparei-me com algumas sentenças que me fizeram compreender e aceitar como possível a minha conclusão. Li então nesse livro*:

“O ciberespaço é, assim, muito mais do que uma forma técnica de publicitação e de recuperação de informação, uma rede de interconexões tácteis, sociais, caracterizando-o como um enorme hipertexto social (Erickson, 1996). A web e suas páginas pessoais podem ser vistas como formatos fluidos de construção de imagens identitárias. […] Portanto, as homepages pessoais revelam a rede não apenas como hipertexto informativo, mas como um hipertexto social complexo.”

“Com as webcams e os diários pessoais não estamos sozinhos quando olhos estranhos nos espreitam. Compartilhando a banalidade podemos suportar melhor a existência. E o mesmo acontece com aquele que é visto, já que ser visto é também estar junto. Revelar a privacidade é aqui um exercício que pode e deve permitir a conexão. No fundo estamos sempre lutando contra a solidão, contra o desencontro e o estranhamento.”

Esta última frase vai ao encontro daquela outra que diz sermos nós animais sociais. Com todos estes pensamentos na cabeça, formulei um outro. O que se passa aqui é incompreensão ou conflito geracional. Como podemos nós compreender os adolescentes de hoje e as suas formas de comunicação e sociabilização? Podemos simplesmente aceitar ou, investigando, tentar compreendê-los como um fenómeno social.

Faz parte da adolescência criar um personagem (um self) e nada melhor do que fazê-lo virtualmente. Acredito que, o facto de se exporem no mundo virtual (graças a aparente segurança que é poder desligar o modem e desse modo, desligar-se desse mundo virtual), torna os adolescentes de hoje mais desinibidos nas suas relações sociais reais.

*Lemos, AndréA arte da vida – Diários pessoais e webcams na Internet, in Revista de comunicação e linguagens – A cultura das redes Número extra, p. 305-319. Lisboa: Relógio D'Água, Maio de 2002, 9-770870-708108