quinta-feira, fevereiro 15, 2007

o toque de Midas

Vi-a no metro. Não há palavras para a descrever. Talvez só dizer que era uma mulher jovem que aparentava ser muito mais velha por estar severamente estigmatizada pela vida. Tinha a cara visivelmente marcada por alguns “mimos” menos amistosos e esforçava-se em vão por não adormecer. O que é certo é que sempre que fechava os olhos e adormecia, transpirava paz e mesmo alguma beleza que se escondia por detrás do rosto ferido. Ninguém se aproximava dela, não só pelo aspecto das suas vestes demasiado sujas e do casaco com que se cobria, protegendo-se desse modo do frio, mas sobretudo pelo cheiro que era intenso, próprio de quem não toma um bom banho e não veste roupa lavada há alguns meses.

O sentimento que nutri por esta pessoa é aquele que nutro sempre que vejo alguém realmente infeliz. É o desejo de ter o dom do toque de Midas. Não para transformar em ouro tudo aquilo em que tocasse, mas sim para tornar felizes todos aqueles que fossem por mim tocados.

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