segunda-feira, agosto 16, 2010

porque gosto da afirmação

Eric Schmidt, presidente e chefe executivo (CEO) da Google, afirmou: "A Internet é a primeira coisa que a humanidade construiu e que a humanidade não compreende, a maior experiência em anarquia que já tivemos." *

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"The Internet is the first thing that humanity has built that humanity doesn't understand, the largest experiment in
anarchy that we have ever had."  Eric Schmidt
http://thinkexist.com/quotation/the_internet_is_the_first_thing_that_humanity_has/204294.html

mundo virtual

No passado eram apenas alguns que viviam num mundo virtual: filósofos; artistas; poetas; criadores; etc. Hoje, com os computadores e a Internet, qualquer um pode viver num mundo virtual, num mundo de criação.

por uma inteligência colectiva

Nesta madrugada de sábado, um amigo dizia-me que, estamos a viver numa época pós-moderna onde as pessoas tendem a especializar-se numa só área do saber.

Na consciência de que o termo pós-moderno é controverso no seu significado e pertinência, afirmo também que é um termo de uso corrente. Partindo desta tomada de consciência e tendo como enfoque a afirmação do primeiro parágrafo, acredito que a mesma não é correcta.

Numa atitude de total liberdade de discurso, direi que o pós-modernismo é uma espécie de renascimento onde, para além do ecletismo, reina uma apropriação/recriação do que já existe. É claro que faço esta afirmação e respectivas caracterizações, porque me agrada pensar desta forma. Pensar no indivíduo não como um “especialista”, mas como um “amador” capaz de abordar várias áreas do saber de uma forma eficaz.

Que não se caia em extremismos e se pense que uma forma de estar perante o mundo deve substituir a outra e esta é talvez mais uma das características do pós-modernismo, aceitar simultaneamente a afirmação e a sua negação como premissas de uma mesma conclusão. Ambas as posições são necessárias ao desenvolvimento da humanidade.

Gosto da ideia de “amador” e sinto que me enquadro neste perfil. É como se fosse um homem do renascimento. Este “amador”, é aquele que explora um assunto o tempo e a profundidade necessários para resolver ou responder a uma questão. Não tem pois, a pretensão de se tornar um especialista na matéria.

Umberto Eco no seu livro “Como se faz uma tese em ciências humanas” diz que, se estamos a estudar um autor ou assunto cuja bibliografia se apresenta sobretudo numa língua estrangeira devemos aprendê-la, lendo na língua original os livros necessários à investigação. Desse modo, podemos não aprender a falar a língua, mas vamos aprender a lê-la ou seja não somos especialistas nessa língua, mas somos “amadores”.

Para terminar este meu texto resta-me dizer que, acredito na inteligência colectiva como a descreve Pierre Lévi*, acredito na colaboração e na partilha de conhecimento. Acredito que a humanidade, deste modo, pode evoluir de uma forma mais rápida e eficaz.

* Inteligência colectiva - O conceito surge a partir dos debates promovidos por Pierre Lévy sobre as tecnologias da inteligência.

“O que é a inteligência colectiva?
É uma inteligência globalmente distribuída, incessantemente valorizada, coordenada em tempo real, que conduz a uma mobilização efectiva das competências. Acrescentemos à nossa definição este acompanhamento indispensável: o fundamento e o fim da inteligência colectiva é o reconhecimento e o enriquecimento mútuo das pessoas, e não o culto de comunidades fetichizadas ou hipostasiadas.
Uma inteligência globalmente distribuída: é este o nosso axioma de partida. Ninguém sabe tudo, toda a gente sabe alguma coisa, todo o saber reside na humanidade.”

Lévy,
Pierre - A inteligência colectiva: para uma antropologia do ciberespaço. Lisboa: Instituto Piaget, ISBN 972-8407-02-5

sábado, agosto 07, 2010

após o concerto dos Mão Morta

Hoje (ontem) fui ver os Mão Morta à Serra do Pilar.

Continuo a gostar de Mão Morta como da primeira vez que os vi e ouvi, no longínquo Novembro de 1985. Tinha ouvido distraidamente falar deles e do seu primeiro concerto dado no Orfeão da Foz. Amigos diziam-me então terem visto os Mão Morta e gostado, mas, tal como escrevi, não prestei atenção.

Quando vinha do concerto passei por uma jovem que cheirava a cosméticos ou perfume ou… nem sei, mas uma coisa eu penso saber.

Desde muito jovem sempre detestei o cheiro de perfume e porquê?

Criado numa família de estatuto económico médio baixo, sempre me habituei (ou não) a ver família, amigos e conhecidos, todos aperaltados aos Domingos.

Ah, como odiava os Domingos. Para mim não havia razão para vestir uma roupa tinhosa que não podia sujar. A verdade é que não demorava muito a fazê-lo (a sujar a roupa!).

E camisas? Ah, como odeio camisas. São frágeis e fáceis de rasgar, de estragar, de encorrilhar, eu sei lá que mais. Na verdade não tive que usá-las muitas vezes, creio que não rendia e talvez fosse num ou noutro casamento que mas obrigaram a usar. Não deve ter chegado a uma mão cheia de vezes, mas uma que fosse já é muito.

Adorava t-shirts e calças de ganga. Tudo prático e resistente. Podia jogar a bola e cair ao chão, andar de carrinho de rolamentos, trepar árvores, rebolar no jardim ou na areia da praia (não muito longe), enfim, ser uma criança saudável e depois adolescente.

Ah, mas Domingos é que eu não suportava. Os aperaltanços e cheiros tenebrosos a perfumes de pior ou melhor qualidade, mas sempre colocados de uma forma exagerada, é que eu não suportava. Lembro-me, ainda estudante, evitar uma amiga para não ter que a beijar, tal era a quantidade de base que ela punha na cara e de perfume no corpo (?). Quando não conseguia evitá-la, ficava enjoado o resto do dia e sempre a fungar como se me estivessem a entrar animais pelo nariz.

Adoro a simplicidade!