quinta-feira, dezembro 07, 2006

em viagem

Regressei depois de um período terrível de jejum, com muito trabalho e pouco ou nenhum tempo livre.



















sábado, agosto 12, 2006

limpezas

Regressado de férias, há que fazer limpeza à casa.
Os comentários automáticos que tinham chegado a este blog, foram apagados.

quarta-feira, julho 26, 2006

até nos blogs

Bolas! Um gajo já nem um blog pode ter em paz, pois leva logo com as carraças da publicidade ou do marketing ou do raio que os parta.
Vejam só, mas não cliquem nos links, os comentários que vieram poluir o meu blog... filhos da... a sorte deles é que hoje estou bem disposto e decidi ser politicamente correcto.

quarta-feira, julho 19, 2006

Trovoadas - parte 2

Parece que abriu a nova época de caça ao relâmpago e eu, claro, aproveitei.











quarta-feira, junho 21, 2006

Gerês

Bom, deixei a caçada aos trovões, coloquei o mestrado em stand-by e parti para o Gerês. Como não poderia deixar de ser, levei a máquina fotográfica e, das dezenas de fotos que tirei, gostaria de partilhar algumas através deste meu blog.


No dia da chegada, o tempo não se apresentava muito aprazível, mas como já era fim de dia,... tudo bem!


A partir do segundo dia, tudo foi azul.




Chego à conclusão que, se a água é o ouro do século XXI, então o Gerês é um tesouro a conservar.






Como o Homem é um animal de caça, à falta de trovões para seguir, dediquei-me aos répteis. Aqui estão
quatro amiguinhos que me fizeram esperar longos minutos (que somados deram perto de duas horas), parado, em silêncio e a torrar ao sol. Mas valeu a pena.






A quietude, o "silêncio" e a grandiosidade de uma obra como a barragem de Vilarinho das Furnas, deixa-me profundamente estarrecido. Fico deslumbrado. Admiro de igual modo a beleza desta parede de betão e a beleza das montanhas que a rodeiam. Para mim fazem parte de um todo, fazem parte da "Natureza".



Que dizer mais... quatro dias não chegam para nada!

sexta-feira, junho 16, 2006

mestrado

Estou actualmente a fazer o meu segundo ano de tese de mestrado. Por muitas angústias já tenho passado e por muitas outras com certeza vou passar. Creio que aos amigos estas não são visíveis, mesmo àqueles que mais de perto me acompanham. Este facto deve-se talvez a uma postura, que direi muito própria, onde a razão é estar convicto de que, mesmo vivendo 150 anos, este período de tempo é demasiado curto para viver as coisas boas que a vida nos dá. Ora como a vida não são só coisas boas, às coisas más tento dar-lhes o mínimo de tempo de antena, sob o risco de perder demasiado tempo a vivê-las em detrimento do tempo que poderia estar a reservar às coisas boas. Mas atenção, ambas as coisas, boas e más, são e devem ser vividas, apenas o tempo que lhes dedicamos é que deve ser diferente e repito: muito tempo para as coisas boas e pouco tempo para as coisas más.
Vem este discurso todo, para justificar a decisão de partilhar neste blog as reflexões que vão sendo tidas e que serão a partir de hoje aqui mais ou menos colocadas, para reflexão de quem por cá passe e me possa iluminar, questionar ou o que seja.
Neste momento, tenho como objectivo encontrar uma forma não tradicional de utilizar a informática no ensino. Ando às voltas com a aprendizagem colaborativa. Mas vejamos o que vou para já, aqui colocar. No fundo, a minha esperança era a de que pudesse obter aqui, neste blog, um modelo mais ou menos representativo de uma aprendizagem colaborativa e digo, mais ou menos, porque não é muito justo estar aqui à espera de encontrar respostas dadas por outros que não eu, para um mestrado que apenas a mim me diz respeito e a mim me poderá trazer mais valias.
Estão então abertas as “hostilidades”:


A pirâmide esbateu-se e o professor é muitas vezes ultrapassado pelo aluno. O ensino já não é uma pirâmide de conhecimento, em cujo vértice o professor se encontra. Desta forma, a informática trouxe uma democratização do conhecimento, pois este encontra-se disponível para todos os que possam e queiram a ele aceder. O que pode agora a informática trazer de novo?
Os sistemas colaborativos ou cooperativos e o ensino à distância são algumas das respostas possíveis para esta questão. São também formas de combater a exclusão social e uma cultura e ensino de tendência cada vez mais globalizante.

CSCW Computer Supported Collaborative Work em português Trabalho Colaborativo Suportado por Computador, aparece com a possibilidade das comunicações multicast.

Conforme podemos ver nas páginas da Wikipédia e como primeira abordagem algo já satisfatória, a acrescentar à definição da abreviatura, temos:

“De uma forma genérica, o CSCW é uma área científica interdisciplinar que estuda a forma como o trabalho em grupo pode ser suportado por tecnologias de informação e comunicação, de forma a melhorar o desempenho do grupo na execução das suas tarefas.
As pesquisas em CSCW são normalmente caracterizadas em um quadro de duas dimensões: a distância das pessoas cooperando (remota ou localmente), e a forma de comunicação (síncrona ou assíncrona).
O CSCW enquadra-se num domínio científico interdisciplinar, envolvendo diversas áreas científicas, tanto técnicas, como sistemas distribuídos, comunicação multimédia, telecomunicações, ciências da informação, quanto humanas e sociais, como psicologia, percepção e teoria sócio-organizacional.

O CSCW surgiu na década de 80, emergindo a partir da Automação de Escritório ("Office Automation"). Esta, por sua vez, apareceu cerca de dez anos antes, como uma forma de suportar o trabalho administrativo de grupos e organizações, evoluindo a partir de sistemas organizacionais como os sistemas de emissão de bilhetes de avião, que tinham surgido na década de 60.

Os programas informáticos cujo objectivo é serem usados por grupos cooperativos designam-se habitualmente por groupware. Genericamente, pode-se considerar o groupware como sendo software que suporta CSCW. As aplicações groupware mais antigas são o correio electrónico (E-mail), os grupos de discussão (newsgroup) e os sistemas de mensagens curtas, como o ICQ e o MSN Messenger.
Um aspecto bastante importante para o groupware é a existência de um ambiente partilhado pelos vários elementos do grupo. Este ambiente partilhado coexiste normalmente com ambientes privados de cada elemento do grupo, o que implica possuir diferentes mecanismos de gestão de acesso à informação, consoante esta seja privada ou partilhada. Neste último caso, há que ter particular cuidado com os aspectos de controlo de concorrência, de forma a assegurar a consistência da informação partilhada. Potenciais domínios aplicacionais da utilização de groupware são o projecto e desenvolvimento de software, a coordenação de processos de trabalho (Workflow), o Ensino, a telecooperação, a Arquitectura, o projecto de Engenharia, a Telemedicina e a edição cooperativa.
As aplicações groupware podem ser agrupadas de acordo com a sua funcionalidade genérica, constituindo as seguintes classes de aplicação:
- sistemas de comunicação;
- espaços de informação partilhada (Mediaspaces);
- coordenação de processos de trabalho (Workflow);
- suporte a reuniões (Workgroup computing);
- editores de grupo;
- agentes cooperantes;
- ensino assistido por computador (no qual se inclui o E-lerning);
- Realidade Virtual.”



CSCL Computer Supported Collaborative Learning em português Aprendizagem Colaborativa Suportada por Computador, é uma estratégia educativa apoiada em meios informáticos, através da qual o conhecimento é construído em grupo, por discussão, reflexão e tomada de decisões.
CSCL, aparece através da investigação do CSCW, que ao proporcionar o trabalho em conjunto num sistema de redes de computadores, vai causar uma inevitável aprendizagem colaborativa.


Ensinar pressupõe sempre à partida um professor e um aluno, isto numa perspectiva tradicionalista.
Vejo a aprendizagem tradicional como limitativa. Nesta os conteúdos são estanques e predeterminados.
Numa aprendizagem não tradicional, os dogmas da aprendizagem tradicional devem ser eliminados. Assim, as limitações deste modelo de aprendizagem e os seus conteúdos predeterminados devem ser eliminados. Pegando apenas, e por agora, nos dois dogmas que enunciei como sendo caracterizadores da aprendizagem tradicional, a aprendizagem colaborativa responde com eficácia aos desafios propostos. É evidente que não podemos limitar-nos somente a algumas características, mas para começar, até uma só característica chega, isto se assumirmos que é a primeira característica de uma extensa lista a ser denunciada.
Em primeiro lugar, desvia-se de uma postura limitadora, porque possibilitando a discussão entre várias pessoas, vai prever diferentes pontos de vista sobre um mesmo assunto.
Em segundo lugar, não tem conteúdos predeterminados ou se por hipótese parte de um conteúdo predeterminado, a sua primeira acção é sem dúvida ultrapassá-lo e desviar-se, através dos vários pontos de vistas formulados pelo grupo.
Nesta aprendizagem o professor toma o papel de orientador e não do supremo conhecedor. Desta forma, o professor acaba por se tornar ele próprio num aprendiz, de forma a dar resposta a questão não previstas, colocadas pelo grupo orientado. Pode deste modo, tornar-se o consultor de uma investigação de onde ele próprio tirará conhecimento.
De novo são eliminados dogmas da aprendizagem tradicional: o aluno transforma-se num investigador e o professor acompanha esta metamorfose, tornando-se ele também num investigador que partilha o acto de investigar com os seus alunos. Esta visão, à partida democrática, é mais do que isso, é colaborativa. A distinção destes dois termos, democracia/colaboração, é necessária por desgaste do primeiro, que trás consigo significações que corrompem a sua génese. Assim, entenda-se colaboração como uma acção altruísta, onde os fins não justificam os meios, mas onde os meios ganham tanta ou mais importância do que os fins.

terça-feira, junho 13, 2006

seguindo trovões

Ontem, segundo uma amiga, andei a seguir trovões. Na realidade foi um seguir no conforto do lar, mas aqui estão eles, alguns dos que eu apanhei.









quinta-feira, junho 08, 2006

Surpresa

Por vezes surpreendo-me a mim próprio, por exemplo: ontem, ao fazer limpeza na minha secretária, encontrei vários papelitos de notas onde se podiam ler mensagens de alerta para não esquecer de fazer determinadas tarefas. Entre estes papeis, descobri um que me chamou a atenção. Dizia algo como: "Não esquecer de colocar a cabeça sobre os ombros."

segunda-feira, abril 24, 2006

notícias da manhã e pensamentos consequentes

Hoje de manhã, como de costume, liguei a televisão para ouvir as notícias enquanto saboreava o pequeno-almoço.
Esta minha actividade torna-se por vezes bastante interessante, senão vejam o que ouvi hoje.
Em Lisboa foram colocados 21 radares em várias vias rodoviárias. Até aqui tudo parece normal, uma notícia regional, num canal regional (RTP1). É então que surge uma vereadora qualquer da câmara de Lisboa a dizer que este sistema não é de caça à multa, apenas pretende evitar os excessos de velocidade e que é semelhante a um sistema existente em Barcelona que tem demonstrado muitos bons resultados.
O meu primeiro pensamento foi aquele a que poderão chamar ressentimento, pois pensei que a ignorância dos Lisboetas (e é claro que há excepções) é tal que nem sabem da existência de uma sistema semelhante na cidade invicta (para quem não sabe, ao escrever invicta, estou a referir-me à cidade do Porto).
Quando aparece de novo o pivot do noticiário, este acrescenta que este novo sistema, já está também implementado na cidade do Porto, diz ele, à 3 anos.
Nesta altura ocorreu-me um pensamento mais perverso; a senhora da câmara de Lisboa sabe da existência do sistema no Porto, mas preferiu, com certeza, verificar o seu funcionamento em Barcelona. É claro que isto são especulações da minha mente, seguidora da teoria da conspiração (são muitas horas de X-files, vistos por este vosso amigo, e posteriores efeitos secundários).

sábado, março 18, 2006

Discussões de sexta à noite

Na sexta-feira passada, como muitas outras sextas ao longo destes onze ou doze anos (eu sei Z., já fui mais assíduo, direi mesmo, raramente faltava), fui jantar com S. e Z., na casa de S. como habitualmente. No meio das imensas e habituais discussões, S. disse que tínhamos diferentes formas de utilizar a nossa inteligência. A dela é mais elaborada ou seja, perante uma situação qualquer ela resolveria melhor se tivesse tempo para pensar. Já eu tenho uma inteligência de resposta mais imediata e se pelo contrário me for fornecido tempo para pensar, acabo por me perder em deambulações e a resposta não ser tão clara. Quanto a Z., segundo S., não tem inteligência que se destaque para nenhum dos dois lados. Recordo que Z. ficou ofendidíssimo por não ser taxado com um rótulo, mas penso que na realidade a sua inteligência é a mais equilibrada de entre os três, pois oferece uma versatilidade que me parece não existir em mim ou na S..
Z., perante situações diversificadas, não atingindo em pleno qualquer um dos extremos citados, acaba por responder de forma mais eficaz às exigências tidas. Arriscarei talvez em dizer que, segundo a análise feita por S., para atingir a performance de Z., eu e S., teríamos que laborar juntos.
Gostaria agora de dar o dito por não dito e dizer que este texto foi escrito umas horas depois da conversa tida e que a análise de S., foi feita no momento.
Finalmente pedia aos outros intervenientes aqui mencionados que, se por aqui passarem e eu não estiver a ser tão exacto no relato dos factos quando deveria ser, deixem ficar aqui um comentário. É claro que podem também comentar este texto por outra razão qualquer.

Pensem

Acredito com cada vez mais convicção, que há reais intenções de pôr as pessoas a não pensar. Não é novidade nenhuma que a melhor forma de dominar um povo é, não o deixar pensar e, subsequentemente, este perde a capacidade de analisar, de concluir e finalmente contestar. É no ensino que os governos exercem a sua forma de adormecer mentalidades e, desta forma, promovem a capacidade de não pensar. Vemos então a carga horária de disciplinas de carácter criativo a ser reduzida, em detrimento de disciplinas com um cunho bastante forte de compreensão (leia-se de entendimento de programas predeterminados) onde a articulação de dados e a memorização são os factores decisivos ou pior ainda, com disciplinas, melhor dizendo, áreas curriculares não disciplinares, assim as classifica o ministério de educação, de carácter ideológico, como por exemplo, educação cívica. É nas disciplinas criativas que o aluno aprende a pensar e a tomar opções autónomas, nunca em disciplinas onde o jogo é predominante, onde existem regras que uma vez seguidas irão ditar resultados análogos ou iguais. Assim, aprendem nestas últimas a obter resultados lógicos e nunca a criar alternativas para obter um resultado paralelo e igualmente possível.
Quando se pede a alguém para pensar, obtém-se inúmeras vezes como resposta a indignação ou o insulto. As pessoas reagem desse modo, porque consideram já o estar a realizar, mas no entanto o que estão a fazer não passa de um simulacro de pensamento. Lembrei-me agora de um acontecimento ocorrido numa aula da disciplina de Estética leccionada, à data, pelo professor Álvaro Lapa, na FBAUP (ainda na altura denominada ESBAP) que ilustra bem ou não, o que acabo de dizer. Depois de ter feito uma interpretação de um texto de Gilles Deleuze, sobre um livro de Nietzsche (A origem da tragédia), o professor dirigiu-se aos alunos e disse: - …mas isto é o que eu penso do que o Deleuze pensa acerca do que pensava Nietzsche. Agora, vocês vão para casa, leiam o livro do Nietzsche, porque vós sois quem sabe.
Talvez mais de metade da turma ficou indignada. A outra metade compreendeu o que o professor estava a pedir. – Pensem!
Consideremos, que uma instituição de ensino superior não é propriamente uma escola de ensino básico, onde os professores comunicam e explicam conceitos. No ensino superior os alunos já devem ser possuidores dos conceitos e os professores devem ser apenas orientadores, dar a conhecer para que os alunos possam construir o seu próprio caminho, despertar os alunos para uma cada vez maior autonomização. Era isto que o professor Álvaro Lapa estava a fazer connosco, a mostrar-nos alguns dos caminhos possíveis, não para optarmos por um deles, mas, mais do que isso, traçarmos o nosso próprio caminho.
É preferível fornecer todos os ingredientes e mais alguns e não dar a receita, possibilitando ao cozinheiro criar a seu belo prazer, do que dar alguns ingredientes nas medidas certas, mais a receita a seguir. Pensem e surpreendam!

quinta-feira, março 16, 2006

dica para cozer polvo

E porque não, partilhar um truque de culinária no meu blog?
Hoje estou a cozinhar polvo para o jantar. Todos sabem que cozinhar polvo é difícil, pois nunca sabemos se ele vai ficar duro ou não até o degustar. Bom, sempre ouvi dizer que se for polvo congelado não há esse problema, o bicho fica sempre mole. Aprendi entretanto, que se dermos uma valente tareia ao animal, imediatamente antes de o pôr a cozer, o polvo fica mole depois de cozido. A última que soube, e que chegou tarde para este jantar, é que se cozer o dito cujo sem sal, ele fica uma beleza.
Bom, terei de experimentar esta última dica da próxima vez que cozer polvo. Entretanto, se alguém que por aqui passe o ensaiar, diga de sua justiça neste mesmo local.
Já agora, se me permitem, gostaria de deixar aqui uma palavrinha para alguns dos meus amigos mais chegados (vocês sabem de quem é que eu estou a falar) que por um acaso aqui passem. Não vejam nem façam interpretações menos correctas deste texto, pois não passa disso mesmo, de um truque de culinária. Não é como aquele texto, já longínquo, que escrevi para um professor, cheio de “e/ou”, com a finalidade de lhe chamar burro, tenha ele compreendido ou não a piada. É claro que um texto como este aqui, proporciona-se a que façam algumas interpretações maldosas, pois isto de tornar o polvo mole ou duro e só o saber quando o degustar ou se estiver congelado o bicho fica sempre mole, tem que se lhe diga. Ficar mole depois de cozido, também não está mal, não senhor. Quem diria, escrevi um texto que tem pano para mangas. E pronto, já satisfiz as mentes mais perversas, dos tais meus amigos (com esta deixa das mentes preversas, ficam eles queimados e eu saio imaculado hehe).
Falar do texto que escrevi durante o meu tempo de aluno universitário, trouxe-me à memória outras recordações, talvez, dignas de serem aqui contadas, mas fica para uma outra altura.

segunda-feira, março 13, 2006

pescadores de nuvens

Estavam os pescadores de nuvens nos seus barcos a pescar. Atiravam as redes com as suas bóias, que ficavam a pairar muito sossegadinhas ao sabor do vento. Depois, com muito esforço, lá iam eles puxando as redes e com elas as nuvens, levando as segundas para onde elas eram mais necessárias.
Lá do alto, observavam a terra como pássaros e partiam com esforçadas, mas vigorosas remadas, em viagens que podiam demorar semanas.
Sempre com as nuvens a reboque, debaixo de um sol escaldante, os pescadores cantavam cantigas dos feitos de fainas passadas.
Uma vez chegados ao seu destino, soltavam as nuvens, tal como os pastores soltam os seus rebanhos, deixando-as ao sabor do vento, que à laia de cão pastor, ia guiando o seu rebanho.

a casa das Artes

Estávamos a conversar sobre a estupidez que é ter uma Casa das Artes que praticamente não existe. Falávamos de tudo o que foi a Casa das Artes e de tudo que se perdeu. E porque não funciona a Casa das Artes como outrora funcionou?
Digo eu: o facto de estarmos distantes do centro de decisão política, faz com que as coisas não operem.
J. disse-me: o que fariam as pessoas se a IURD estivesse a comprar a Casa das Artes?
Então vamos fazer de conta que isto é verdade e questionemo-nos novamente sobre o que podemos fazer pela Casa das Artes.

Vejamos de outra forma.
Quando a IURD quis comprar o Coliseu do Porto, as gentes da cidade levantaram-se e defenderam o Coliseu. É claro que por trás desta movimentação geral estava um pequeno grupo com aparentes preocupações culturais e que se aproveitou de algum descontentamento generalizado relativamente à IURD, para combater a compra do Coliseu. A Casa das Artes está a morrer, no entanto ninguém se importa. Porém, se a IURD tentasse comprar a Casa das Artes, muita gente indignar-se-ia e erguer-se-ia para evitar a compra. Leva-me a concluir, numa primeira reflexão, que a defesa da Casa das Artes passa por uma questão de segregação e não por uma questão cultural. E, recordem-me se eu não estiver a dizer a verdade, reportando-nos ao tempo pré tentativa de compra do Coliseu pela IURD, este mesmo local estava moribundo.
Concluindo: é tudo uma questão territorial, as pessoas estão-se danando para a cultura, o que interessa é que não fiquem com aquilo que é nosso.
Ou então: mais vale um pássaro morto na mão, do que dois bem vivos a voar.

ouvindo irmaos catita

Ouvindo irmãos catita:

- Blog mágico, blog meu, haverá alguém no mundo mais qualquer coisa do que eu?
- Foda-se! Não me estarás a confundir com um espelho?

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Respostas a dois comentarios

Para ti, J., tenho como resposta o seguinte: eu gostava, corrijo, eu quero que o meu blog seja tudo o que dizes no teu comentário ou seja, "um registo daquilo que atravessa os meus dias, uma ficção, um poema, um ensaio em construção, tudo ao mesmo tempo". Dizes que "escrever pode ser criação, partilha, engodo" e eu digo-te que o que escrevo tem disso tudo um pouco. Resumo dizendo que, como bem sabes, adoro impossibilidades e dessa forma o teu comentário surge como um desafio a que não quero virar as costas.

Para o/a anónimo/a que pede a identificação do pintor a quem presto a minha homenagem respondo o seguinte: era meu propósito não identificar o pintor e continua a sê-lo, no entanto, isso não me impede de dar uma resposta à pergunta, mesmo que esta seja a negação ao pedido feito, pois, como já o afirmei, a minha primeira vontade era não identificar o pintor no meu blog e essa é a vontade que continua a prevalecer. Entenda-se isto como uma forma idiossincrática de prestar homenagem ao pintor. Para terminar a minha resposta, direi que quem anda minimamente atento ao que se vai passando no mundo (e nem só de televisão vive o homem, mas também da palavra impressa), sabe a quem estou a prestar homenagem.

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

a vontade nao e tudo

Ontem tive vontade de escrever alguma coisa para este meu blog, mas Morfeu foi mais forte do que eu. Desta forma dirigi-me ao meu leito, cortei os fios que me prendiam os olhos à testa e adormeci.

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

somos todos um so

Nós outros todos éramos um só e tudo fica entendido quando a conjugação dos verbos se baralha. Mas afinal o que é comunicar. Nós não sei mas continuamos a tentar entender. Parece-me, a nós, que existe apenas por aquilo que não é e, assim sendo, podemos dizer que existe pela negação de si própria. É no mínimo estranho, ter que esperar as palavras chegarem à cabeça para se projectarem como um todo fragmentado nas suas partes, principalmente quando esse todo é nada. Pergunto-me porque escrevemos e descobrimos que a razão é a batalha interna entre nós todos que somos um só. Sim, porque eu sou vários e cada um de nós é vários ao mesmo tempo, independentemente de isso não fazer sentido nenhum.
Escrevemos porque escrevo e porque queremos que tudo fique confuso.

blog-livro-diario

Um blog, dizia eu há pouco à Gabriela, é como uma planta. Devemos regá-la, para que ela vá crescendo. No caso do blog, temos que alimentá-lo com letras, com imagens como o blog do Manel (malbino.blogspot.com) ou com ambas as coisas.
Recuando um pouco mais no tempo até parar no final desta tarde, encontro-me a proferir a uma amiga que um blog é uma versão contemporânea de livro. Ela discorda das minhas palavras e contra argumenta que para ela é mais um diário. Vejo-me obrigado a rever em parte a minha afirmação e a ter que concordar com ela. Na verdade, já existem blogs que chegaram ao suporte livro. Mas o que é um livro? Será só aquele pedaço de matéria celulósica onde são impressos caracteres e imagens? Ou serão objectos, que para além do que atrás se nomeou, têm também um conteúdo que nos toca no íntimo? Não sei se qualquer coisa impressa pode ser considerada um livro. Não sei se as “páginas amarelas” podem ser consideradas um livro.
E um diário, o que é um diário? Supostamente é algo íntimo e que, segundo a minha amiga, aparentemente não é para ser visto por mais ninguém para além da própria pessoa que o escreve. A palavra aparentemente, aparece porque, diz ela, no seu âmago o dono do diário quer torná-lo público.
Penso que em parte é verdade, mas o facto de o diário apenas ser mostrado a quem o seu dono decidir, torna-o diferente de um blog.
Só sei que um blog não precisa de ser um livro e nem sequer um diário, mas pode ser qualquer uma delas, ambas ou nenhuma.
Um diário é também o local onde se relata os acontecimentos do dia a dia, como eu estou neste momento a fazer… o melhor é parar, pois parece-me que estou a transformar este blog num diário…
No entanto fica a questão. O que é um blog?
Bom, um pedaço de matéria celulósica é que não é.

terça-feira, fevereiro 14, 2006

O pintor morreu...

... e com ele o escritor e o pensador!

Abertura

Um blog significa, para mim, o local onde tenho a liberdade de expor o que escrevo, sem a preocupação de arranjar fundamentação para o que “digo”.

Um dia, em plena explosão dos blogs, um amigo perguntou-me se já tinha o meu blog. Eu respondi que não e perguntei-lhe, intrigado, porque é que havia de ter. Ele elucidou-me que um blog era a minha cara. Na verdade, o que ele deixou foi outra pergunta no meu pensamento. Um blog é a minha cara?
Há poucos dias, em jeito de pergunta/afirmação, disseram-me que eu gostava de escrever.
– Você gosta de escrever, não é?
Não pude negar, apenas constatar um facto que se encontra disfarçado dentro de mim. Existe efectivamente esse gosto por escrever, mas permanece também a consciência de que o não faço bem.
– Hoje em dia é raro encontrar alguém que o goste de fazer.
Discutível esta segunda afirmação que a mesma pessoa fez, mas no entanto funcionou como alavanca para que decidisse finalmente ter o meu próprio blog.
É claro e penso que, tal como acontece com uma grande percentagem dos blogs que ocorrem no ciberespaço, o meu blog irá ter vida curta, tal como muitos outros que aparecem cheios de força, vontade, energia, mas que acabam por esmorecer com o tempo. Estou consciente disso, mas porque não criá-lo? Afinal tudo tem um princípio e um fim, e a única coisa que não tem um fim é aquela que não tem um início, por outras palavras, para se ter um fim tem que se ter existido.
Existe outra realidade que eu gostaria de ver praticada: a discussão. Gostava que existissem comentários ao que escrevo e discussão, se necessária. Talvez esteja a pedir demais, mas fica feito o pedido.
Falta somente fazer um aviso. Este blog não tem assunto, que é como quem diz, não tem temática.
Avancemos.