terça-feira, janeiro 22, 2008

situações

Chega o metro à paragem, ainda em desaceleração, e reparo num "personagem", daqueles pitorescos, que em todas as cidades se podem encontrar. Era homem para ter os seus 60 anos, usava um barrete vermelho e branco, o que o destacava no meio dos outros passageiros.

Entro e encosto-me à porta oposta à da entrada, ficando de frente para o lugar onde viajava o nosso amigo. Este, orgulhosamente, segurava uma bandeira do Leixões e trazia amarrado ao seu braço um cachecol do mesmo clube. Era um indivíduo de cara marcada pelo tempo, onde rios de lava tinham cavado fortes vincos e deixado um bronzeado notável. Tudo levava
a crer tratar-se de um homem do mar.

Não tardou muito a confirmar-se a minha suspeita. O homem dirige a palavra para a jovem que viajava sentada à sua frente e pede-lhe para segurar, por favor, na preciosa representante do clube. A jovem, talvez um pouco embaraçada pela abordagem feita de uma forma pouco comum ou pela suspeita do carácter peculiar do homem, segurou na bandeira pelo topo e apenas com dois dedos como se de uma pinça se tratassem.

O homem dobrou-se , metendo a mão na saca que jazia a seus pés. Ao retirar a mão, ergueu-a e exclamou numa voz rouca: - Sardinha do nosso mar.
Na sua mão era bem visível, a espreitar entre os dedos, espécimes do tão bem anunciado peixe.

Sem dúvida, este era um homem digno e orgulhoso dos seus ídolos: o Leixões e o Mar.

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