sexta-feira, junho 16, 2006

mestrado

Estou actualmente a fazer o meu segundo ano de tese de mestrado. Por muitas angústias já tenho passado e por muitas outras com certeza vou passar. Creio que aos amigos estas não são visíveis, mesmo àqueles que mais de perto me acompanham. Este facto deve-se talvez a uma postura, que direi muito própria, onde a razão é estar convicto de que, mesmo vivendo 150 anos, este período de tempo é demasiado curto para viver as coisas boas que a vida nos dá. Ora como a vida não são só coisas boas, às coisas más tento dar-lhes o mínimo de tempo de antena, sob o risco de perder demasiado tempo a vivê-las em detrimento do tempo que poderia estar a reservar às coisas boas. Mas atenção, ambas as coisas, boas e más, são e devem ser vividas, apenas o tempo que lhes dedicamos é que deve ser diferente e repito: muito tempo para as coisas boas e pouco tempo para as coisas más.
Vem este discurso todo, para justificar a decisão de partilhar neste blog as reflexões que vão sendo tidas e que serão a partir de hoje aqui mais ou menos colocadas, para reflexão de quem por cá passe e me possa iluminar, questionar ou o que seja.
Neste momento, tenho como objectivo encontrar uma forma não tradicional de utilizar a informática no ensino. Ando às voltas com a aprendizagem colaborativa. Mas vejamos o que vou para já, aqui colocar. No fundo, a minha esperança era a de que pudesse obter aqui, neste blog, um modelo mais ou menos representativo de uma aprendizagem colaborativa e digo, mais ou menos, porque não é muito justo estar aqui à espera de encontrar respostas dadas por outros que não eu, para um mestrado que apenas a mim me diz respeito e a mim me poderá trazer mais valias.
Estão então abertas as “hostilidades”:


A pirâmide esbateu-se e o professor é muitas vezes ultrapassado pelo aluno. O ensino já não é uma pirâmide de conhecimento, em cujo vértice o professor se encontra. Desta forma, a informática trouxe uma democratização do conhecimento, pois este encontra-se disponível para todos os que possam e queiram a ele aceder. O que pode agora a informática trazer de novo?
Os sistemas colaborativos ou cooperativos e o ensino à distância são algumas das respostas possíveis para esta questão. São também formas de combater a exclusão social e uma cultura e ensino de tendência cada vez mais globalizante.

CSCW Computer Supported Collaborative Work em português Trabalho Colaborativo Suportado por Computador, aparece com a possibilidade das comunicações multicast.

Conforme podemos ver nas páginas da Wikipédia e como primeira abordagem algo já satisfatória, a acrescentar à definição da abreviatura, temos:

“De uma forma genérica, o CSCW é uma área científica interdisciplinar que estuda a forma como o trabalho em grupo pode ser suportado por tecnologias de informação e comunicação, de forma a melhorar o desempenho do grupo na execução das suas tarefas.
As pesquisas em CSCW são normalmente caracterizadas em um quadro de duas dimensões: a distância das pessoas cooperando (remota ou localmente), e a forma de comunicação (síncrona ou assíncrona).
O CSCW enquadra-se num domínio científico interdisciplinar, envolvendo diversas áreas científicas, tanto técnicas, como sistemas distribuídos, comunicação multimédia, telecomunicações, ciências da informação, quanto humanas e sociais, como psicologia, percepção e teoria sócio-organizacional.

O CSCW surgiu na década de 80, emergindo a partir da Automação de Escritório ("Office Automation"). Esta, por sua vez, apareceu cerca de dez anos antes, como uma forma de suportar o trabalho administrativo de grupos e organizações, evoluindo a partir de sistemas organizacionais como os sistemas de emissão de bilhetes de avião, que tinham surgido na década de 60.

Os programas informáticos cujo objectivo é serem usados por grupos cooperativos designam-se habitualmente por groupware. Genericamente, pode-se considerar o groupware como sendo software que suporta CSCW. As aplicações groupware mais antigas são o correio electrónico (E-mail), os grupos de discussão (newsgroup) e os sistemas de mensagens curtas, como o ICQ e o MSN Messenger.
Um aspecto bastante importante para o groupware é a existência de um ambiente partilhado pelos vários elementos do grupo. Este ambiente partilhado coexiste normalmente com ambientes privados de cada elemento do grupo, o que implica possuir diferentes mecanismos de gestão de acesso à informação, consoante esta seja privada ou partilhada. Neste último caso, há que ter particular cuidado com os aspectos de controlo de concorrência, de forma a assegurar a consistência da informação partilhada. Potenciais domínios aplicacionais da utilização de groupware são o projecto e desenvolvimento de software, a coordenação de processos de trabalho (Workflow), o Ensino, a telecooperação, a Arquitectura, o projecto de Engenharia, a Telemedicina e a edição cooperativa.
As aplicações groupware podem ser agrupadas de acordo com a sua funcionalidade genérica, constituindo as seguintes classes de aplicação:
- sistemas de comunicação;
- espaços de informação partilhada (Mediaspaces);
- coordenação de processos de trabalho (Workflow);
- suporte a reuniões (Workgroup computing);
- editores de grupo;
- agentes cooperantes;
- ensino assistido por computador (no qual se inclui o E-lerning);
- Realidade Virtual.”



CSCL Computer Supported Collaborative Learning em português Aprendizagem Colaborativa Suportada por Computador, é uma estratégia educativa apoiada em meios informáticos, através da qual o conhecimento é construído em grupo, por discussão, reflexão e tomada de decisões.
CSCL, aparece através da investigação do CSCW, que ao proporcionar o trabalho em conjunto num sistema de redes de computadores, vai causar uma inevitável aprendizagem colaborativa.


Ensinar pressupõe sempre à partida um professor e um aluno, isto numa perspectiva tradicionalista.
Vejo a aprendizagem tradicional como limitativa. Nesta os conteúdos são estanques e predeterminados.
Numa aprendizagem não tradicional, os dogmas da aprendizagem tradicional devem ser eliminados. Assim, as limitações deste modelo de aprendizagem e os seus conteúdos predeterminados devem ser eliminados. Pegando apenas, e por agora, nos dois dogmas que enunciei como sendo caracterizadores da aprendizagem tradicional, a aprendizagem colaborativa responde com eficácia aos desafios propostos. É evidente que não podemos limitar-nos somente a algumas características, mas para começar, até uma só característica chega, isto se assumirmos que é a primeira característica de uma extensa lista a ser denunciada.
Em primeiro lugar, desvia-se de uma postura limitadora, porque possibilitando a discussão entre várias pessoas, vai prever diferentes pontos de vista sobre um mesmo assunto.
Em segundo lugar, não tem conteúdos predeterminados ou se por hipótese parte de um conteúdo predeterminado, a sua primeira acção é sem dúvida ultrapassá-lo e desviar-se, através dos vários pontos de vistas formulados pelo grupo.
Nesta aprendizagem o professor toma o papel de orientador e não do supremo conhecedor. Desta forma, o professor acaba por se tornar ele próprio num aprendiz, de forma a dar resposta a questão não previstas, colocadas pelo grupo orientado. Pode deste modo, tornar-se o consultor de uma investigação de onde ele próprio tirará conhecimento.
De novo são eliminados dogmas da aprendizagem tradicional: o aluno transforma-se num investigador e o professor acompanha esta metamorfose, tornando-se ele também num investigador que partilha o acto de investigar com os seus alunos. Esta visão, à partida democrática, é mais do que isso, é colaborativa. A distinção destes dois termos, democracia/colaboração, é necessária por desgaste do primeiro, que trás consigo significações que corrompem a sua génese. Assim, entenda-se colaboração como uma acção altruísta, onde os fins não justificam os meios, mas onde os meios ganham tanta ou mais importância do que os fins.

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