quarta-feira, agosto 27, 2008

o poder das palavras

Ainda há pouco I me dizia por sms: “O teu blog não tem nem 1/3 do bom que, muito provavelmente, tens para contar.”

E eu respondi-lhe: “Pois, mas eu não sou grande coisa na escrita ou pelo menos a mim não me satisfaz o suficiente.”

Como também lhe disse no sms de resposta, fui comer uma panqueca… hummm… com duas bolas de gelado e coberta de chocolate quente… mas o que eu quero aqui contar, é que no caminho fui a pensar na resposta que tinha dado.

Lembrei-me também de J, que me disse no comentário a “salad days II”: “Epá! Até que enfim que te vejo a escrever algo mais longo! Volta-e-meia "passo" por aqui para ver o que tens publicado e tenho notado as tuas longas ausências. Enfim, é a vida e de certeza que tens muitas prioridades antes disto.

Um abraço!”

Eu respondi por e-mail que: “É verdade, ando sempre ocupado com isto ou aquilo, mas também é verdade que muitas das coisas que poderia colocar no blog nunca chegam a ver a luz do dia. Umas por preguiça, outras por preguiça ;-)”

Neste recordar de palavras, deambulei pelas razões que me levam a não ser mais assíduo no meu blog. Duas das razões, ou devo dizer três, estão já expostas, mas existe pelo menos outra que me ocorreu no caminho para a geladaria. Falta-me “a arte e o engenho” para escrever. As palavras são perigosas, quando interpretadas de forma que não a intencionada por quem as diz ou escreve. Também por esta razão, “muitas das coisas que poderia colocar no blog nunca chegam a ver a luz do dia.” Talvez um dia perca o medo de ser mal interpretado e se não o perder, penso que também não se perde nada.

Não! Estou a mentir! No fundo, penso que cada um de nós tem sempre algo a “dizer” que vai ao encontro do que alguém gostava de “ouvir” e eu, não sou a excepção à regra.

Lembro-me agora dos tempos em que as minhas palavras foram cantadas em palco e escutadas na rádio e na tv. Um dia, num concerto, um fã veio ter comigo e disse-me: - Obrigado! As tuas palavras já me salvaram do suicídio duas vezes e sempre que me vem à ideia tal pensamento, coloco a gravação das vossas músicas para que se me afaste tal pensamento da ideia.

Fiquei sem palavras ou pelo menos sem a inteligência na palavra, já que balbuciei qualquer coisa que o jovem agradeceu mas que eu nem no momento escutei, tal foi o choque de descobrir o poder das palavras.

1 comentário:

jorge silva disse...

não podes estar a exercer auto-censura e estar preocupado com a correcta ou incorrecta interpretação das tuas palavras. todo o acto criativo é passível de ser mal-entendido, mas isso não é desculpa para que se deva suprimi-lo - o que seria da arte sem polémica?
durante muito tempo também ocultei o que escrevia, e para quê? que forças terríveis é que foram desencadeadas desde que eu resolvi pôr termo a esse pensamento e passar a mostrar o meu trabalho? nenhumas, que eu saiba. apenas ganhei mais confiança em mim.