sexta-feira, agosto 22, 2008

tenho um boato espalhado no bolso

Tenho um boato espalhado no bolso.
Verdade! Tenho mesmo ou tinha.

Ele começou por entrar no meu bolso como uma pequena bola de plástico… um pequeno ovo de plástico. Dentro, estava o boato.

Não sei porquê, mas resolvi mantê-lo por lá. O que eu nunca imaginei foi que ele iria chocar no meu bolso. Na verdade, se eu próprio estivesse no meu bolso penso que iria gostar. É confortável, agradável nos dias de Inverno e, uma ou outra vez, a minha mão quente entra no bolso e acaricia o que por lá se encontra.

É um bolso divertido, sempre cheio das mais diversas coisas que fazem companhia umas às outras. Estas coisas, aprendem umas com as outras na mais diversificada e cosmopolita troca de saberes e cultura. Posso dizer que é um bolso rico de conhecimento, porque a troca ou partilha de saberes e cultura, é a melhor forma de enriquecer qualquer cosmos.

Mas voltemos ao boato. Um dia, meti a não no bolso e descobri algo que não estava lá anteriormente. Eram duas metades de um ovo de plástico e um boato. Ele tinha nascido e eu fiquei perplexo!

Era uma coisa pequenina, insignificante, mas com uma força extraordinária. Sempre que eu dizia a alguém que tinha um boato espalhado no bolso, as pessoas ficavam curiosas e então, eu tinha que mostrar o pequeno boato que acalentava no bolso. Era extraordinário assistir a reacção das pessoas perante aquele ser minúsculo, preto e branco. A verdade é que só acreditavam na sua existência depois de o verem.

O boato acompanhou-me durante longo tempo, sempre no meu bolso, até que um dia cresceu e resolveu partir para seguir a sua própria vida. Sei que nunca abandonou a sua casca de origem e que até a transformou na sua habitação permanente. Hoje, ele e a sua casca encontram-se algures pela minha casa. De quando em quando eu encontro-o, sempre dentro da sua casca, não vá acontecer o caso de se perderem um do outro.

Lembro-me perfeitamente do primeiro dia em que o vi e o meti no bolso. Foi numa manhã fria e escura de Inverno, andava eu sem destino e resolvi passar por um local que me é aprazível onde sei que encontro sempre pessoas interessantes. Foi nessa busca sem destino que eu o vi. Estava junto com outros ovos (pois na altura não passava de um ovo). Eu perguntei a N. o que era aquilo; se era um ovo. Ela disse-me que era um ovo. Fiquei sem argumentos. Era uma evidência factual que, mesmo sendo de plástico, se tratava de um ovo. A resposta que recebi é típica de N., pessoa que admiro e de quem gosto por este tipo de respostas concretas e eficazes, sem grandes hipóteses de se estender por um diálogo desinteressante. Olhei para os ovos e decidi guardar um no meu bolso, como memória de N. e das suas respostas consistentes. Estava assim feita a minha ligação com o boato.

1 comentário:

Anónimo disse...

hoje como uma tarde calma e serena que esta a ser a minha tarde resolvi ler por (quase)completo o teu blog.
e paro neste facto do bato em que neste texto falas da N fico a pensar se este N me é familiar e se é o que penso.porqu se realmente for a nossa ligaçao realmente começou com um boato o que é de veras interresante.