sábado, outubro 11, 2008

duas e meia da manhã

Duas e meia da manhã, chego a casa, debruço-me sobre a máquina e começo a teclar.

Não sei sobre o que escrevo, mas um dia disseram-me que eu não tinha dificuldades em escrever, o que nem é mentira. O desejo de estar longe da máquina é nenhum e o sentir os dedos deslizar sobre o teclado satisfaz qualquer um. Lembro-me de algo, mas não consigo largar as teclas que se me aderem aos dedos como velcro.

A memória de algo fugidio é uma benesse para quem quer e todos em mim não queremos. Que quererá isto dizer? Não sabemos, mas continuamos nesta incompreensão de vómito contínuo de palavras. Cansam-se as teclas, mas não os dedos e o cérebro produz ainda mais incoerências, mesmo que… não sei.

Saltam palavras pelos olhos, impossibilitadas que estão de treparem aos ouvidos famintos de confissões honestas. Já não existem atalhos para solucionar o futuro e todos afundamos nas ilusões de um mundo melhor.

Passaram quatro minutos e eu não consigo parar. É um vício, escrever. Não sei o quê, para quê, nem porquê, mas adoro ver o texto crescer. É como se estivesse a pintar. Afasto-me, recuo, avanço e volto a pincelar. Termino.

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