quinta-feira, outubro 30, 2008

o Ardina

Quarta-feira, 18.30 h. O comboio chega à estação de S.Bento.

Saio da estação e dirijo-me para a praça da Liberdade. Com a mudança da hora para o horário de Inverno, já é noite.

Quando estou a aproximar-me do Ardina (estátua que se encontra na dita praça), noto um casal de turistas a observar curiosamente o Ardina, a aproximarem-se cuidadosamente e com alguma desconfiança. Estranhei, mas logo compreendi.

Ele aproximou, lenta e cuidadosamente a sua mão, à mão do Ardina que segura o jornal. Tocou-lhe ao de leve para logo de seguida e desfeito o mistério, dar-lhe duas ou três sapatadas fortes na mão, para confirmar à sua companheira que se tratava de uma estátua verdadeira e não de um homem estátua.

Hoje, quinta-feira, ao dirigir-me para a estação, notei um grupo de vários indivíduos em volta do Ardina. Pareceu-me que riscavam qualquer coisa no jornal que pende da sua mão. E estavam mesmo. Estavam com folhas de jornal a riscar por cima do jornal de bronze, de forma a decalcar a textura do segundo para o primeiro. Achei de novo curiosa esta interacção com o Ardina.

É maravilhoso notar como uma estátua, pela qual passo todos os dias, para a qual olho todos os dias e pela qual muitas vezes lamento os actos de vandalismo* a que se vê sujeita, consegue, mesmo assim, atrair das mais diversificadas formas a curiosidade dos transeuntes.


* Lamento terem-lhe partido a ponta do cigarro que lhe pendia nos lábios. Lamento as “spraysadas” de que foi vítima e que são notórias no jornal. Lamento a falta de cuidado da autarquia que não zela convenientemente pelos monumentos que possui (mas o desrespeito da câmara municipal pela cultura da cidade, é outra história que tem pano para mangas).

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