Subia Passos Manuel, em direcção ao San Martino, quando ao passar à porta do Coliseu, reparo numa jovem estudante de capa e batina. Reconheci aquele rosto, não porque fosse de alguém que eu conhecesse, mas por ser um rosto reconhecível.
No início do novo milénio, costumava apanhar um autocarro que passava junto à escola do Cerco. Também essa jovem costumava apanhar esse autocarro para se dirigir para a respectiva escola. Era fácil de reconhecê-la já que tinha um problema físico não incapacitante, mas que a tornava distinguível entre os outros jovens estudantes. Deixei de apanhar esse autocarro, mas de tempos em tempos lá ia vendo a jovem em determinados pontos da cidade.
Ontem ao vê-la ocorreu-me um pensamento. Esta jovem chegou a um ponto particular da sua vida, vida que eu fui acompanhando através dos cruzamentos casuais do nosso dia a dia.
Noite.
Na rua, à porta do 77, reencontro J “Super Bock”. É um amigo de longa data que já não via há bastante tempo. Converso com ele, T e Z, entre o ruído de conversas alheias, copos e garrafas espalhadas pelo passeio e cheiros ilícitos.
A noite avança serena e quando dou por isso, estou no Armazém do Chá. Já só restamos dois. Eu e J SB. Enquanto conversamos, não paramos de cumprimentar pessoas que vão aparecendo e que, ou a mim ou a ele ou sobretudo a ambos, vão reconhecendo. Eis que uma dessas pessoas que eu não conhecia, o E, cumprimenta o J SB e ao cumprimentar-me a mim diz:
- Eu conheço-te! Tu eras o vocalista dos B.
- Sim, digo eu.
- Sabes, diz-me ele, de certa forma eu tenho acompanhado a tua vida desde então.
- Ai é! Como assim?
- De vista! Vou te vendo aqui e ali. Posso dizer, no fundo, que tenho acompanhado a tua vida de vista.
Sim, E tinha razão. E eu lembrei-me de novo da jovem estudante a quem eu tenho acompanhado a vida, de vista, desde a sua adolescência até à idade adulta.
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