segunda-feira, setembro 29, 2008

salad days IV

Um dia perguntaram-me se já tinha roubado alguma coisa. Fiquei calado por uns instantes e finalmente respondi: - Não sei,... não me lembro,... mas com certeza que sim.

Fui para casa com essa dúvida na mente. Como me ia encontrar de novo com a pessoa que colocou a questão, decidi nessa noite roubar um copo num bar. Depois do sucesso do acto, como se tivesse ligado um interruptor e se acendesse uma luz, lembrei-me que, durante a minha adolescência, de facto já tinha roubado algumas coisas sem expressão. Dessas, aquelas de que mais memória tenho são:
- flores, que juntamente com os meus amigos de infância roubávamos para depois as vendermos. Com o dinheiro comprávamos gelados.
- espigas de milho que, de novo com os meus amigos, assávamos e comíamos.

Coisa curiosa de que me lembro, era de não ter jeito nenhum para roubar e, por essa razão, os meus amigos punham-me sempre de vigia, quando o acto assim o exigia.

Encontrei-me de novo com a pessoa que tinha colocado a questão e disse-lhe que tinha roubado um copo que me fez lembrar outras coisas anteriormente roubadas.

Porquê o lapso de memória. Penso estar justificado no facto de ser um acto praticado tão despreocupadamente, tão cândido,… era como se a ele tivéssemos direito.

Nunca mais comi milho tão saboroso.

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